Acusações entre Israel e Hamas não travam libertação de quatro mulheres-soldado

Militares raptadas pelo Hamas a 7 de Outubro de 2023 já estão junto das famílias. Netanyahu acusa militantes de violar acordo e bloqueia regresso de civis palestinianos a Gaza.

A troca de acusações entre Israel e o Hamas sobre um alegado incumprimento do acordo de cessar-fogo não chegou para ensombrar a libertação das quatro militares israelitas na posse do movimento radical palestiniano, mas pode ser suficiente para abalar a frágil trégua. Era final da manhã em Gaza quando os operacionais do Hamas, fortemente armados, ataviados a rigor, de rostos tapados e direito a chuva de confetti, prepararam o cenário para a libertação de Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag, as soldados que efetuavam trabalho de vigia na base das Forças de Defesa de Israel junto ao pequeno ‘kibbutz’ Nahal Oz quando foram raptadas a 7 de Outubro de 2023.

As imagens da operação dos radicais palestinianos acabariam por correr Mundo e mostravam as jovens militares, então com 18 e 19 anos, de pijama, amarradas e ensanguentadas. Na libertação de reféns concretizada ontem, a segunda desde o cessar-fogo, era suposto ser posta também em liberdade a civil a Arbel Yehud, mas Israel acusa o Hamas de faltar ao acordado.

Yehud é a última civil juntamente com Shira Bibas, raptada com os seus dois filhos, um bebé de 9 meses e um rapaz de 4 anos, e também o seu marido, Yarden, que estará isolado ainda com vida. A omissão de Shira faz aumentar os receios sobre esta família.

O Hamas garante que Shira e os pequenos Kfir e Ariel morreram num bombardeamento israelita, versão que Telavive nega. Nos termos do acordo, Israel também libertou 200 presos palestinianos das cadeias, alguns dos quais condenados a prisão perpétua.

Na troca de ameaças entre Israel e Hamas, o Governo de Benjamin Netanyahu já fez saber que impedirá os palestinianos de se deslocarem para o Norte de Gaza como estava previsto na trégua. E, consequentemente, também não retirará as tropas de uma parte do corredor de Netzarim. Esta retaliação já mereceu críticas do Hamas, mas na prática também já teve efeitos. Arbel Yehud deverá ser libertada no próximo sábado.

Na ‘praça dos reféns’ em Telavive, onde familiares, amigos e população em geral se juntam há 476 dias para exigir o regresso dos reféns, ontem chorou-se quando as quatro militares entraram nos carros da Cruz Vermelha e bateram-se palmas quando o helicóptero que as transportou aterrou no Centro Médico Rabin, nos arredores da antiga capital. Ali, foram submetidas a um conjunto de exames, físicos e psicológicos, já com a família por perto numa luxuosa ala do hospital.

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