Inundações no leste de Espanha deixaram um rasto de destruição.
Três meses após as inundações de 29 de Outubro no leste de Espanha, segundo o Correio da Manhã, em que morreram pelo menos 232 pessoas, há ainda ruas com lodo e só foram dados “os primeiros passos” do “trabalho titânico” de reconstrução.
“Três meses depois da tragédia, há ainda ruas com barro, as ajudas estão atrasadas e não se tornou público o suposto plano de reconstrução”, denunciou há poucos dias, num comunicado, uma plataforma que integra mais de 200 entidades da região de Valência, a mais atingida pelas inundações de 29 de outubro de 2024.
A plataforma – que denunciou também a prisão em que vivem pessoas com problemas de mobilidade por ainda não terem sido reparados todos os elevadores ou que há crianças e jovens que continuam a ter aulas fora das suas escolas – convocou uma nova manifestação para o próximo sábado, em Valência, para protestar contra a gestão das autoridades públicas no dia do temporal, em que falharam os alertas, e na resposta que se seguiu.
O principal alvo dos protestos da plataforma continua a ser o governo regional da Comunidade Valenciana, liderado por Carlos Mazón, do Partido Popular (PP, direita), mas nas manifestações anteriores ouviram-se também críticas ao executivo central, que tem à frente o socialista Pedro Sánchez.
Sánchez reconheceu na semana passada que, neste momento, “o mais importante é agilizar as ajudas” e que há ainda “muito por fazer” na reconstrução das áreas afetadas pelas inundações, “uma corrida de fundo” e “um trabalho titânico” em que “só foram dados os primeiros passos”.
O primeiro-ministro espanhol não ia a Valência desde 03 de Novembro, quando visitou uma das localidades mais afetadas pelas inundações, Paiporta, na companhia dos Reis de Espanha, Felipe e Letizia, e do presidente do governo regional, Carlos Mazón, tendo a comitiva sido recebida com lama, insultos e gritos de protesto.
Nas manifestações em Valência entretanto convocadas pela plataforma de centenas de entidades, desde associações a sindicatos, sempre sob o lema “Mazón demissão”, saíram à rua dezenas de milhar de pessoas: 130 mil em 09 de novembro, 100 mil em 30 de novembro e 80 mil em 29 de dezembro, segundo dados da Delegação do Governo (a entidade que autoriza os protestos e é responsável por acionar um dispositivo de segurança).
Estes são alguns números e pontos essenciais das inundações
Morreram ainda no temporal de 29 de Outubro de 2024 sete pessoas numa zona vizinha da região de Castela La Mancha e outra na Andaluzia (sul de Espanha).
Por outro lado, três pessoas permanecem desaparecidas em Valência e prosseguem no terreno trabalhos de busca.
As equipas de militares, polícias e bombeiros resgataram nos dias e semanas que se seguiram às inundações 37.000 pessoas que tinham ficado presas em carros, casas e ruas.
Segundo disse o próprio Sánchez na semana passada, em causa está, no caso das infraestruturas municipais, a reconstrução de uma centena de centros administrativos, 45 escolas, 58 bibliotecas, 55 pavilhões polidesportivos, 40 centros de dia e 16 mercados e lotas.
O Governo espanhol aprovou até agora pacotes de ajudas às populações, empresas e municípios num valor de 16.600 milhões de euros.
Espanha iniciou também os procedimentos para ativar o fundo de solidariedade da União Europeia (UE).
Milhares de carros permanecem hoje em “cemitérios de automóveis”, enchendo terrenos descampados para onde foram levados pelas equipas de limpeza e remoção de escombros das ruas e estradas.
Segundo o Governo espanhol, há cerca de 120 mil carros destruídos e é necessário repor o parque automóvel da região de Valência, pelo que aprovou um plano específico de ajudas com este objetivo.
Por outro lado, há perto de 70 áreas industriais com danos, onde funcionavam milhares de empresas. Pelo menos 1.800 comércios tiveram danos, segundo associações patronais.