UNITA acusa Governo angolano de ser incapaz de combater maior epidemia de cólera em 30 anos

ara a UNITA, a cólera encontrou o país com um “frágil sistema de saúde, marcado por uma assistência primária bastante débil, ao lado de um pobre saneamento do meio”.

A UNITA (oposição) criticou a “incapacidade do Governo” angolano de enfrentar a epidemia de cólera que se expande pelo país, salientando que este é o pior surto dos últimos 30 anos em Angola.

Segundo o ministro da Saúde do “governo sombra” da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), Anastácio Rúben Sicato, face ao elevado número de casos registados no país — 14.374 casos notificados desde 7 de janeiro passado — e o alastrar da doença já não se trata de um simples surto de cólera.

“Pela análise da situação, enfrentamos agora uma verdadeira epidemia de cólera em expansão nacional. E isso reflete a enorme dificuldade que o executivo teve de conter o alastramento desta doença quando ela surgiu“, disse esta terça-feira o político.

Para a UNITA, a cólera encontrou o país com um “frágil sistema de saúde, marcado por uma assistência primária bastante débil, ao lado de um pobre saneamento do meio“.

O “governo sombra” da UNITA “está profundamente preocupado” com o aumento persistente do número de casos de cólera e com a expansão geográfica desta epidemia, frisou.

Angola acumula 14.374 casos de cólera desde o início do surto em 7 de janeiro e um total de 513 óbitos, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de Angola divulgado na segunda-feira.

Em conferência de imprensa sobre a situação da cólera no país, que registou 284 novos casos nas últimas 24 horas, e com a província de Benguela transformada em novo epicentro da doença, a UNITA apresentou “três grandes preocupações” e sugeriu “medidas de ação imediata”.

Anastácio Rúben Sicato sinalizou o alastramento e a persistência da cólera, que já atingiu 17 das 21 províncias angolanas, como a primeira grande preocupação do seu partido, tendo apontado as mortes como a segunda grande preocupação, dada a taxa de letalidade de 3,6%.

De acordo com o político, a atual taxa de letalidade da cólera em Angola “está muito acima da média mundial de 1,9% e da média africana de 2,9%“, frisou, aludindo aos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a epidemia. 

O médico angolano considerou, por outro lado, que a presente epidemia da cólera em Angola é a pior de todas as que ocorreram nos últimos 30 anos (terceira grande preocupação), recordando que, no último surto epidémico de cólera (2016-2017), o país registou um total de 252 casos e 11 mortos.

“Na nossa análise, esta situação reflete a desestruturação do tecido social angolano, ao nível das comunidades, ocorrida nos últimos anos, caraterizada por uma acentuada regressão da qualidade de vida das famílias, agravada por um sistema de saúde ineficaz, por todos conhecido”, disse.

A necessidade de os cidadãos estarem informados sobre as razões que justificam a continuação da cólera, caraterizada por nítidos sinais de agravamento, a informação sobre as medidas em curso para reverter a situação, a melhoria urgente da disponibilização de água potável, o saneamento básico e o reforço da mobilização geral da sociedade são as “medidas de ação imediatas” propostas pela UNITA.

Fonte: Lusa

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