Construção da Cidade Universitária da UAN começou há mais de 20 anos e ainda não está concluída

O decano da Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto (UAN), Moreira Bastos, concedeu uma entrevista à Rádio Essencial, onde abordou os principais desafios e vicissitudes do ensino superior em Angola. Durante a conversa, o académico afirmou que as obras para a construção da Cidade Universitária começaram há vários anos, mas continuam por concluir. Será verdade?

“Não se está a olhar, na minha perspectiva, para a Universidade Agostinho Neto como deveria ser. Veja que estamos, desde 2002, à espera que arranquem as obras do campus universitário [Cidade Universitária]. E até agora, nada”, declarou Moreira Bastos no programa Essencial Entrevista, da Rádio Essencial.

O decano criticou o que considera ser uma abordagem “subjectiva” do partido no poder relativamente à UAN, lamentando a falta de prioridade atribuída ao sector académico e científico. Sublinhou também a ausência de uma “visão estratégica para o ensino superior”.

“Tem de se dar uma injeção ao ensino superior, tal como se está a dar à saúde, aos médicos”, defendeu Bastos, apelando a uma maior valorização das universidades no país.

Apesar de reconhecer uma redução no número de estudantes que procuram os cursos da Faculdade de Humanidades, o decano destacou que, no domínio da investigação e das parcerias internacionais, a instituição apresenta indicadores positivos.

“Sinto-me satisfeito porque, a nível de projectos, investigação e sustentabilidade, a nossa faculdade está saudável. Somos actualmente uma das faculdades mais solicitadas, com intensa actividade académica e científica”, realçou.

Mas será factual que o campus universitário da UAN está em construção há mais de 20 anos?

Os registos oficiais confirmam a afirmação. O Governo angolano projectou a primeira Cidade Universitária (campus universitário) do país no início dos anos 2000. Contudo, as obras só avançaram parcialmente. A primeira fase foi concluída em 2011, permitindo o acolhimento dos primeiros estudantes no ano lectivo de 2012, nos cursos de Matemática, Química, Física e Ciências da Computação.

Desde então, têm existido várias promessas do Executivopara dar continuidade ao projecto. Porém, como reportou o semanário “Expansão” há quase dois anos, essas intenções não se materializaram, mantendo o projecto por concluir até à presente data.

Recorde-se que, em 2021, no discurso sobre o Estado da Nação, proferido na Assembleia Nacional, o Presidente João Lourenço assegurou que havia financiamento garantido para o início das obras no ano seguinte: “No que diz respeito ao Ensino Superior, temos garantias de financiamento para o início, no próximo ano, das obras de conclusão do Campus da Universidade Agostinho Neto”.

De acordo com o semanário, apesar de ter sido autorizada uma despesa de 300 milhões de dólares para as obras de expansão do campus da Universidade Agostinho Neto (UAN), os trabalhos não arrancaram e mantém-se a “invasão” no perímetro do espaço. Há relatos de terrenos a serem desanexados e vendidos por valores entre 1,5 e 4 milhões de kwanzas.

Fonte: Polígrafo África

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