Carlos Alberto, Jornalista e Director do Portal “A DENÚNCIA”
Hoje, quero reconhecer um gesto raro entre os nossos dirigentes: o governador da Província de Luanda, Luís Nunes, mostrou abertura e respeito pelo princípio do contraditório.
Perante uma denúncia séria, que chegou ao meu conhecimento como jornalista, não se escondeu atrás do silêncio nem da arrogância do poder.
Pelo contrário — mandou imediatamente o seu vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas, Calunga Quissanga, conceder uma entrevista pública, responder a todas as perguntas e esclarecer ponto por ponto.
E ainda virão mais matérias de interesse público, fruto da entrevista, que se tornou, até, Grande Entrevista.
Sem rodeios, sem fugas, sem “nota de imprensa” redigida por assessores. Foi a transparência em acção.
Saí dessa entrevista a pensar como é que duas pessoas diferentes olham para a imprensa.
E o contraste não podia ser maior: Manuel Homem, antigo governador de Luanda e actual ministro do Interior, nunca se mostrou disponível para responder às denúncias que lhe fizemos chegar.
O mesmo homem que já foi ministro da Comunicação Social — e que, por ironia, deveria ser o primeiro a compreender o valor da imprensa livre — foi também aquele que preferiu o silêncio e o bloqueio à prestação de contas.Luís Nunes, pelo contrário, abriu a porta, falou por intermédio do seu adjunto, e demonstrou que quem não deve não teme.
Este simples gesto é, em si mesmo, um acto político de maturidade democrática.
No meio de tanto secretismo institucional e tanta alergia à crítica, Luís Nunes merece uma nota positiva do jornalista Carlos Alberto.
Quem dera que todos os dirigentes do MPLA percebessem a vantagem de esclarecer em tempo oportuno, em vez de esperar que a desconfiança se transforme em suspeita e a suspeita em descrédito.
A comunicação pública não é favor — é dever.
E, quando um governante entende isso, o jornalismo volta a cumprir a sua missão: aproximar o poder da verdade e a verdade do povo.