Quando o ministro Manuel Homem completa um ano à frente do Ministério do Interior e decide fazer uma auto-promoção do seu trabalho, na sua página do Facebook, em vez de apresentar um balanço transparente de prestação de contas de um ano a liderar o MININT e deixar que sejam os cidadãos — incluindo os jornalistas e opinion makers — a avaliar o seu desempenho, está a agir como um verdadeiro servidor público?
Jornalista Carlos Alberto
Qual é, afinal, o papel de um servidor público? É promover-se a si mesmo ou servir o povo com humildade, transparência e resultados verificáveis? E quem transmite esses resultados verificáveis é ele próprio ou o exercício jornalístico independente e transparente?
O ministro Manuel Homem tem sido um dos nomes mais contestados do Poder Executivo, nos últimos tempos, tanto nas redes sociais como nas análises públicas. Será mera coincidência ou reflexo de uma gestão que ainda não entendeu que comunicar bem não é fazer lives semanais, como se fosse um tiktoker a animar as redes sociais, nem calar críticas, mas responder com factos?
Tenho notado que muitos dirigentes só adoptam a postura da auto-promoção quando vêem a sua própria casa a pegar fogo. Tentam apagar as chamas com discursos, mas esquecem que, em política, existe algo chamado “percepção pública”.
E quem não percebe isso está a correr fora da pista, mesmo que seja “abençoado”. Recordo-me de uma parábola antiga: um homem, vendo o telhado da sua casa a arder, pegou num balde de água e começou a despejar o líquido sobre si mesmo, acreditando que assim afastaria o fogo.
Enquanto se ensopava em vaidade, as chamas consumiam tudo à sua volta. No fim, ficou limpo — mas sem casa.
Assim andam alguns governantes: preferem brilhar ao espelho da propaganda do que encarar o incêndio real das suas responsabilidades.
Eu, Carlos Alberto, jornalista, tenho muitas perguntas a fazer ao senhor ministro do Interior numa Grande Entrevista SEM FILTROS — perguntas que o povo também gostaria de ver respondidas. Já o desafiei publicamente e formalmente e continuo à espera de uma resposta.Infelizmente, o senhor ministro parece acreditar, não sei quem lhe pôs isso na cabeça, que as redes sociais e textos de auto-promoção substituem o jornalismo, enquanto faz lives semanais com temas que pouco ou nada tocam o interesse público.
Está na hora de mudar esta cultura de propaganda e substituí-la por uma cultura de prestação de contas. Governar é esclarecer — e quem foge às perguntas públicas e incómodas foge também à essência da democracia.
