O ministro da Cultura, Filipe Zau, defendeu, em Luanda, que a cultura não pode continuar a ser considerada apenas como um mero passatempo, afirmou que é parte de um processo direccionado para uma educação que garante o desenvolvimento de uma nação.
Filipe Zau, teceu estas considerações durante a cerimónia de cumprimentos de fim-de-ano, quando descreveu que a cultura é uma das metas para o próximo ano, “e vai ser mudar a perspectiva que se tem da Cultura em Angola, de forma a passar a ser vista como um meio importante para assegurar a educação para o trabalho e para o exercício pleno da cidadania”.
O ministro explicou que, além disso, a Cultura concorre, também, para o conceito de pátria privada e de pátria política. “A angolanidade ou nação de um só povo, numa sociedade multicultural e plurilingue, inserida, no caso angolano, no contexto civilizacional bantu, com caldeamentos de culturas europeias”, acrescentou.
O modo como quotidianamente nos trajamos, prosseguiu, e a própria língua portuguesa, enquanto língua oficial e de escolaridade, são produtos dessa mestiçagem cultural.
O ministro referiu que através do património material, imaterial, bem como das manifestações tradicionais, religiosas e contemporâneas de inovação intelectual, a cultura angolana vem, num processo dinâmico, personificando o sentimento identitário, com relevância social, mas, também, cada vez mais económica.
“Social pelo seu papel de intervenção de excelência em prol do conhecimento de nós mesmos, através da educação formal e informal, e económica, porque os bens patrimoniais e as indústrias culturais e criativas geram receitas para o Produto Interno Bruto (PIB), sobretudo, através do turismo interno”, afirmou.
O governante aproveitou, igualmente, o momento para fazer um balanço positivo do leque de actividades realizadas, este ano, pelo ministério que lidera.
“Apesar de termos conseguido realizar muitas das acções preconizadas, os nossos propósitos impulsionam-nos sempre a chegarmos mais longe. O trabalho realizado, ao longo do ano, quer a nível do órgão Central, quer a nível dos órgãos dependentes, foi capaz de demonstrar que estamos a criar uma dinâmica de trabalho mais consistente e um conceito mais coeso de equipa de trabalho”, afirmou.
O ministro disse que o Centro Cultural Manuel Rui fará, em breve, o seu primeiro aniversário e é lá que se vai comemorar o próximo Dia da Cultura Nacional, no contexto das comemorações dos 50 anos da Independência Nacional, com a inauguração do Arquivo Histórico Constantino Camoli, na província do Huambo, sito no espaço onde se encontra o Centro.
Quanto às obras do Palácio da Música e do Teatro e da Casa do Artista, Filipe Zau garantiu que decorrem de forma favorável e deverão ser inauguradas nos próximos 24 meses.
“A Cinemateca Nacional, resultante da restauração do Cine Alfa 1 e Cine Alfa 2, também decorre a bom ritmo e o próximo ano deverá ser o da sua inauguração, bem como a implementação do Projecto de Restauro, Conservação e Preservação do Património Cinematográfico Nacional, localizado no Arquivo Nacional de Angola”, declarou.
A língua portuguesa, segundo Filipe Zau, é também do povo angolano, porque os proprietários das línguas são os seus usuários, apesar da mesma ser de origem europeia, estar com outras de origem africana, que terão de ser válidas e valorizadas, como factores de identidade cultural.