Pressa do juiz Alexandre de Moraes de julgar o ex-Presidente e histórico de inimizade entre os dois levantam preocupações sobre o julgamento.
A pressa e a insistência do juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), de julgar o ex-Presidente Jair Bolsonaro, acusado terça-feira por tentativa de golpe de Estado, abriram uma crise naquele tribunal e estão a suscitar críticas dos colegas, avança o CM.
Sob anonimato, magistrados avançam, por exemplo, que o processo não deveria ser julgado na sala de Moraes, que tem apenas cinco juízes, e sim no plenário do STF, que tem 11.
Indiferente às críticas, Moraes intimou Bolsonaro poucas horas após a PGR formalizar a acusação, o que não é usual, e nos bastidores admite-se que o julgamento possa começar já no início de abril e terminar ainda este ano, contrastando com outros julgamentos de políticos que se arrastaram muito tempo.
Além disso, colegas temem que a manutenção do caso sob a alçada de Moraes e a eventual condenação de Bolsonaro, dada como quase certa, provoquem uma enxurrada de recursos dado o histórico de antagonismo entre ambos. Foi Moraes, a quem Bolsonaro já chamou publicamente de “canalha” e “vagabundo”, que condenou o antigo Presidente à inelegibilidade até 2030.
Além disso, segundo a Polícia Federal e a PGR, o suposto plano de golpe liderado por Bolsonaro incluía o assassinato do próprio Moraes, o que, em tese, o torna parte do processo e poderá posteriormente provocar pedidos de suspeição e anular o julgamento.