Segundo os populares, estes grupos de rebeldes têm cruzado frequentemente a aldeia.
Populares da aldeia de Ntotwé, próximo de Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram, esta segunda-feira, recear a aproximação e circulação na área de alegados grupos armados de terroristas.
Segundo os populares, estes grupos de rebeldes têm cruzado frequentemente a aldeia, a cerca de 30 quilómetros da vila municipal de Mocímboa da Praia, durante os seus movimentos no distrito, provocando o receio entre os moradores.
“Apesar de aparente acalmia, os terroristas continuam a aterrorizar Mocímboa da Praia, já lá se vão semanas que escalam Ntotwé como ponto de travessia”, explicou uma fonte local, a partir de Mocímboa da Praia.
Segundo a fonte, o caso mais recente aconteceu na sexta-feira, quando os moradores viram homens armados a passar nas imediações da aldeia ao início da noite, motivando a fuga de alguns para a sede distrital.
“Passaram na sexta-feira, alguns fugiram, mas depois voltaram”, acrescentou.
Apesar de não se registarem incidentes durante a passagem destes grupos na aldeia, as comunidades de Ntotwé e vizinhas, os agricultores acabaram por colher o milho que ali produzem de forma prematura, para evitarem o pior.
“O medo é enorme”, relatou ainda a fonte.
Após os relatos, as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e suas congéneres do Ruanda reforçam patrulhamento na área, segundo os populares.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se a 10 e 11 de Maio de 2024, na sede distrital de Macomia, com uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.