O futebol mundial viu a maior injustiça dos últimos anos, sendo retirado o prêmio incontestável de melhor jogador do mundo de Vini Jr. por conta do racismo.
Confesso que há um tempo fiquei imaginando como seria o discurso de Vini Jr na cerimônia do Ballon D’or. Um discurso retumbante de um jogador que jogou inúmeras partidas com estádios lotados com a torcida rival lhe chamando de macaco.
Mas isso não aconteceu. A notícia vazada pela imprensa de que ele não ganharia o prêmio foi um banho de água fria. Vários jornalistas e cronistas esportivos passaram a tarde toda achando explicações técnicas sobre a notícia de que Rodri seria eleito o melhor do mundo. Mas só havia uma explicação e era política.
Rodri, volante do Manchester City, está atrás de Phil Folden e Halland. Na seleção espanhola os destaques ficam para Yamal e Carvajal. Quando teve a oportunidade de encarar o Real Madri foi eliminado e Vini eleito o melhor jogador da Champions (o campeonato de clubes mais disputado do mundo).
As diferenças não param por aí. Rodri foi punido pela UEFA por ter cantado músicas racistas a Gibraltar no título da Eurocopa contra a Inglaterra.
Vini Jr. também é conhecido não apenas por seu futebol, mas também por ser o “algoz dos racistas”. Aliás, no final de semana passado defendeu Lamine Yamal contra os adeptos da sua própria equipa que dirigiram ofensas racistas no Santiago Bernabéu.
Por isso a FIFA, La Liga e a France Football chancelaram a maior injustiça do futebol mundial e os critérios políticos da premiação. Miguel Sanz, colunista do Sport45 deixou evidente os critérios racistas utilizados para premiar Rodri, dizendo que o resultado era uma grande notícia para o futebol e que Vini aprendesse a se comportar melhor.
A sensação de parecer que nunca é o suficiente que certamente tomou Vini e vários torcedores que já davam como certa sua vitória, ou que foram à premiação torcer por ele mesmo sabendo do resultado final, traz um vazio imenso, quase impossível de descrever em palavras.
Mas ele é momentâneo. Não só, porque Vini voltará a “bailar” novamente e sem dúvida não irá ficar calado como o Estado e as instituições do futebol desejam, como ele mesmo disse, “eles não estão preparados, farei 10 vezes novamente”.
Mas porque o mundo, e, especialmente a Europa cada vez mais polarizada, aumentando o ódio dos povos oprimidos contra o racismo e a xenofobia não tolera mais nenhum tipo de injustiça, nem mesmo essas no futebol.
As crianças no Brasil querem ser jogadores de futebol, querem ser como Vinicius Jr. Encantam, sem dúvida, as mães e parentes que perderam seus filhos para violência policial, tamanha admiração.
Os arábes, imigrantes e negros no mundo que não suportam o genocídio contra o povo palestino, se manifestaram contra a decisão de ontem. Os jovens nos Estados Unidos que ocuparam as universidades contra este massacre, a mesma coisa.
A juventude que no black lives matter se levantou por justiça a George Floyd e Adama Traoré já não enxergam Vini como apenas mais um jogador de futebol, mas como um herói, apesar das contradições. A premiação do Bola de Ouro, não apenas como mais uma injustiça contra um negro, mas como parte de uma ideologia racista que deve acabar.Se achavam que acabava por aqui, se equivocaram. Se gesta no interior dessa sociedade fenômenos que dificilmente voltam para o ponto de partida. Se Vini Jr. ganhará o próximo Bola de Ouro não sabemos, mas é certo que os ventos da luta de classes ainda não sopraram, mas quando chegar a hora nenhuma injustiça passará impune.