Catedral do Semba celebra vida e obra de “Augusto Chacayá”

No timbre de Lolito da Paixão foram ouvidas as músicas “Maka me”, “Sandra”, “Aube”, “Meu marido”, “Samba Samba” dentre outros temas eternizados na voz de Augusto Chacayá. Na pista, os temas desta figura que marcou a peculiar “farra” do Kilamba foram cantados, dançados, chorados e ovacionados na tarde de ontem na última edição do ano do Muzonguê da Tradição.

O Centro Recreativo e Cultural Kilamba voltou a acolher mais um momento de celebração da vida e obra de Augusto Chacayá, que morreu este ano, vítima de doença. A chuva matinal não afastou os convivas e farristas “militantes” do Muzonguê para honrar de forma apoteótica a memória, acolhida como um sinal revestido de simbolismo tradicional na homenagem a este grande artista, considerado “Último dos Três Mosqueteiros” segundo o DJ Manya, outra grande figura desta casa de cultura.

 A Orquestra Jovens do Prenda abriu o evento ao som de alguns instrumentais, entre os quais a conhecida música “Nica”. Fora das vozes principais do cartaz, do conjunto Esteves Bento soltou a voz na rapsódia e deu o grande final em tom elevado em “Nga zua”, “Xiquitita” e outras músicas que marcam a trajectória do conjunto que nasceu no Margoso e Prenda.

Dom Caetano antes de fazer a festa com “Nova Cooperação” chorou ao cantar “Sef”, uma radiografia da política de saneamento, económico e financeiro do passado. O também apresentador do Muzonguê desfilou “Ngola ya muangana”, “Kixikila” e “Milele”.

Calabeto estourou no salão ao cantar, “Bomba” num dueto com Lolito da Paixão que reviveu Augusto Chacayá. O Kota Bwé, como é carinhosamente tratado, falou de Deus em “Ai Nzambi” levou o pessoal a Malanje, agitou a pista em “Nga Musenge” e foi embora em ” Ngola iami” deixando a pista agitada.

O menino do agita Tony do Fumo Filho provocou a confusão em “Nvunda mu Ngola” numa tarde onde interpretou ” Wa valomona”, “Monami”, “Kamba kamba”, dentre outras como “Kiezos wa bukyá” que serviu como prova de pacificação entre os amantes dos Kiezos e Jovens do Prenda.

Um dos momentos que marca a festa foi a entrega da dikanza de Augusto Chacayá pela família à Galeria do Semba. A presença de integrantes da Banda Movimento e outros artistas que nos últimos anos trabalharam com o homenageado foi outro ponto de destaque.  

O Muzonguê da Tradição “Recordar e Homenagear Augusto Chacayá” foi o reviver dos dias que marcaram as cerimónias fúnebres do artista, que decorreram durante uma semana no Centro Recreativo e Cultural Kilamba.

Augusto João Luís “Augusto Chacayá” nasceu a 18 de Março de 1951, em Luanda, cidade onde morreu a 16 de Setembro deste ano. Chacayá foi uma das vozes emblemáticas do conjunto musical Jovens do Prenda nas décadas de 1980 e 1990. Iniciou a sua carreira musical no palco infantil “Palmo e Meio”. Deu continuidade à actividade musical em alguns centros recreativos e culturais de Luanda, sendo o vocalista principal do conjunto musical Jovens do Prenda.

Jornal de Angola

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