Artur de Jesus Nunes nasceu em Luanda no Sambizanga no bairro Cuba em Dezembro de 1950, filho de um comerciante norte americano natural de Califórnia e de uma doméstica angolana descendente da Ilha de Luanda, Tia Maria Luísa também já falecida.
Algumas pessoas dizem que ele nasceu com muito cabelo e era parecido com Jesus Cristo daí o nome JESUS no meio.
Mas a verdade é que a mãe de Artur Nunes tinham problemas para alcançar, e quando deu a luz decidiu dar os nomes de Jesus e Santa aos seus filhos, Mana Santa é a irmã de Artur Nunes
Artur Nunes nasceu com alguns problemas de saúde, e por causa de uma injeção na qual atingiu a veia, surgiu a sua deficiência física.
Artur de Jesus Nunes, vulgo Artur Nunes era também conhecido por Kapinguissa, e por espiritual, de pequeno acompanhava a sua mãe em locais como óbitos e kombas imitava os cantos entoados naqueles locais daí nasceu a sua espiritualidade no canto.
Artur Nunes aprendeu a tocar violão com um amigo Cabo-Verdiano e já tocava com mestria os instrumentos como: kissanje, Dikanza, hungu, tambores e bate-bate.
Artur Nunes veio das turmas, e foi levado ao conjunto Luanda Show pelo o seu amigo de infância o já falecido percussionista Cândido Adão ou simplesmente Candinho.( o dono do som do batuque do noticiário das 13 na Rádio Nacional de Angola).
Atuou pela primeira vez num KUTONOKA que havia sido realizado no campo do ACADÉMICA/ SAMBIZANGA, depois de ter ensaiado com os KIEZOS o grande solista Mestre Marito admirado com o talento do Artur Nunes disse :
- ESTE CAMULATITO CANTA BEM!
Artur Nunes fez as suas primeiras gravações com o conjunto os Kiezos comandados no solo pelo Mestre Marito na qual chegou a gravar 4 músicas Chico, Dituze, Jota e hó yó monandengue..
Depois descobriu a harmonia dos Jovens do Prenda comandados pelo Mestre Zé Keno e não mais largou aquele conjunto na qual gravou os sucessos como:
Tia, Belina, Laura, Mena, Njila ya kuaku, Mana, Zinha, e comandados pelo solista Baião gravou as músicas wawé mwangola, Anangola yá dila, Ngola twa itambulá, António, Teté e foi com o conjunto os Jovens do Prenda que Artur Nunes gravou mais discos.
Também chegou a gravar com o conjunto África Ritmo comandados pelo Brando no solo na qual gravou as músicas como a Minha rola, Ku Sambizanga, Hó kitadi, Ngongo tolo mona.
E com os Merengues comandados no solo pelo Mestre Zé Keno gravou as músicas, Imperialismo e Kubanga kwa anangolá.
Na sua discografia podemos encontrar as músicas no estilo Bolero, Semba, Kilapanga, Rumba e Samba.
Artur Nunes cantou para as mulheres na música Mena, que foi uma namorada dele e por agitação de algumas pessoas a Mena terminou com o namoro.
Cantou para os falsos amigos na música Nguma.
Cantou em homenagem aos seus amigos de Infância nas músicas Chico e António.
A música Chico foi dedicada ao seu amigo Chico Cardoso que foi levado numa rusga em 1968.
A música António foi dedicada ao seu amigo que teve uma morte misteriosa no bairro Cuba.
Cantou para a sua madrasta, na música Teté, esta música que não foi lançada em disco vinil, andou durante muito tempo no esquecimento na qual o músico António Fiel Didi gravou para o seu disco e no estilo semba tendo constado os seguintes dizeres.
Cantou para reconciliação dos três movimentos MPLA, FNLA e UNITA, e para os três líderes dos movimentos políticos na música Ngola twa itambulá.
A música de Artur Nunes com o título a Minha rola foi lançada no salão do Bragues, minha rola porque de pequeno era criador de rolas e apanhava as rolas nos lados da Comarca central de Luanda vulgo CCL.
Quando gravou a música Ku Sambizanga as peixeiras ficaram tão felizes, que houve até um grupo carnavalesco que dançou ao som desta música.
Quando quisesse preparar uma música ia ter com os seus amigos Yauka, o Cuca e o António estes, eram os amigos que o ajudavam a corrigir o Kimbundu nas suas músicas.
Artur Nunes era o mais novo de um trio de amigos, composto por Antonio Urbano de Castro, David Gabriel José Ferreira e o próprio Artur de Jesus Nunes.
Artur Nunes tinha o casamento agendado para o mês de Maio de 1977, só não aconteceu porque o seu sobrinho e xará filho da sua irmã Mana Santa havia falecido.
Artur Nunes foi visto pela última vez pelo os seus familiares num sábado, quando foi deixar um barril de fino para o komba ditokwa do seu sobrinho.
No dia 29 de Maio de 1977 foi levado quando o mesmo se encontrava na casa da sua sogra, e foi parar na clínica do Prenda com um dos braços partido, e daí em diante nunca mais foi visto.
Helena sua noiva era vizinha de Urbano de Castro, foi quem avisou aos familiares de Artur Nunes.
Esse vivesse Artur Nunes teria hoje 75 anos.
A este monstro da música Angolana , tiro o chapéu, bato palma em pé e faço uma vénia.
Descansa em paz Imortal o Espiritual, no resplendor da luz.
Por: Perpétua.