A corrida pelo ouro na província do Uíge, especialmente nos municípios do Negage, Songo e Quitexe, esta danificar consideravelmente o meio ambiente, obrigando a Polícia Nacional desencadear uma operação que permitiu a expulsão nas zonas de exploração nos últimos dias, mais de três mil pessoas entre nacionais e estrangeiros.
A exploração de ouro nesta região é marcada pela actividade ilegal de garimpo, que a Polícia Nacional combate através de operações de apreensão, detenções de garimpeiros e confisco de ouro e equipamentos.
As últimas operações, segundo o porta-voz da Polícia Nacional no Uíge, superintendente-chefe Freitas Zama, ocorreram nas comunas de Kisseque, município do Negage e de Cambambe, município de Vista Alegre, onde a exploração acontece com muita intensidade.
Segundo apurou o Radar Informativo, as autoridades locais têm trabalhado para combater a exploração ilegal de ouro, mas enfrenta desafios, com as autoridades tradicionais a protegerem garimpeiros.
“Os garimpeiros aliciam as autoridades tradicionais com elevadas somas monetárias. E, estes os escondem o que tem inviabilizado o trabalho da Polícia”, lamentou uma fonte da Polícia Nacional, frisando que, o garimpo ilegal é complexo, e qualquer iniciativa para combater essa actividade requer, desde o início, uma cuidadosa coordenação entre diversas instituições de segurança.
“A exploração intensa de ouro toma contornos assustadoras. Todos os dias, nas margens dos rios, os garimpeiros fazem escavações à procura de minério. Essa exploração ameaça a vida das pessoas, pelo facto de os rios estarem a ser contaminados pela exploração ilegal”, disse o ambientalista, Ramalho José.
Ramalho José, aconselha as autoridades a envidar esforços para desencorajar a “prática ilegal de ouro que pode ser prejudicial para as finanças do Estado e para o meio ambiente”.
“Há um impacto ambiental significativo, principalmente da contaminação da água, além de causar desmatamento, destruição de habitates, erosão e degradação da paisagem”, acrescentou.
O economista Simão Kimbungo, defende a presença na província de empresas legalizadas de exploração de ouro, para operarem dentro da Lei, garantindo o funcionamento organizado e estratégico da produção.
“A exploração ilegal dos recursos minerais constitui um grande prejuízo para os cofres do Estado sob ponto de vista de arrecadação de receitas, visto que são actividades não licenciadas nas quais se regista fuga ao fisco”, explicou.
O activista dos direitos humanos, António Coelho Quissanga, diz que a exploração de ouro é praticada por jovens pobres e desempregados, que vêm nessa actividade a sua única fonte de subsistência e cidadãos estrangeiros.
“A postura altamente repressiva da Polícia Nacional ao expulsar estes grupos das zonas de mineração ilegal, sem a criação de outras alternativas, aumenta a sua vulnerabilidade e propensão para engrossar as fileiras dos delinquentes”, disse frisando desde que foi descoberto o ouro na província a delinquência diminuiu na região.

