Entre as testemunhas, está uma assistente pessoal que acusa Combs de abusar dela sexualmente.
Alguns dos antigos funcionários do rapper norte-americano, Sean Diddy Combs, assumiram um papel central na terceira semana do julgamento de tráfico sexual, onde é arguido. Entre as testemunhas, estão assistentes pessoais que descreveram o magnata do hip-hop como controlador e violento.
A semana começou com Capricorn Clark, uma assistente pessoal que, mais tarde, foi também diretora global de marca para a empresa de Combs, segundo a agência AP. Clark recordou ter visto Diddy a agredir a namorada Cassie e que o rapper dizia que queria matar o artista e rival romântico, Kid Cudi, com quem Cassie se envolveu a nível amoroso.
Para terminar, outra antiga assistente, sob o pseudónimo de “Mia”, alega que Combs a violou durante o período de oito anos em que trabalhou para a estrela do rap. Mia é a segunda de três mulheres que alegam ter sido abusadas sexualmente por Combs. O cantor declarou-se inocente.
Aqui estão os momentos-chave da terceira semana de julgamento:
Antiga funcionária explica que o medo impediu-a de chamar a polícia
Antigos funcionários da Bad Boy Entertainment, empresa de Diddy, descreveram ter visto repetidas agressões a Cassie, mas não reportaram o abuso às autoridades com medo de sofrer represálias do rapper.
No dia em que Clark começou a trabalhar como assistente pessoal de Combs, em 2004, o magnata do hip-hop ameaçou a mulher de morte, caso o trabalho anterior da assistente com os rivais do rapper interferisse no trabalho para ele.
Clark admitiu ter visto Combs a agredir Cassie violentamente, em 2011, depois de descobrir a relação da namorada com o rapper Cudi. A assistente disse que “o coração partia ao vê-la [a Cassie] ser agredida daquela forma”, mas nem ela, nem o segurança de Diddy interviram.
“Por favor ajude-a. Eu não posso chamar a polícia, mas você pode”, disse Clark à mãe de Cassie numa chamada telefónica.
Ataques à propriedade privada de Kid Cudi levam autoridades a testemunhar
Um agente da polícia de Los Angeles, que respondeu a uma ocorrência, em dezembro de 2011, na casa do rapper Kid Cudi e um investigador de incêndios falaram em tribunal, na terceira semana do julgamento.
Chris Ignacio, agente de polícia, afirmou que encontrou presentes de Natal, alguns abertos, com relógios e carteiras de luxo. Ignacio disse também que viu um carro com vidros fumados, registado em nome da empresa Bad Boy, fora da casa de Cudi, mas não se aproximou, porque não tinha provas de que teria ocorrido algum crime.
A acusação está a tentar provar que Combs esteve por trás da invasão de propriedade e do atentado ao carro de Cudi com um ‘cocktail molotov’, que furou o teto do veículo.
Lance Jimenez, investigador de incêndios do Departamento de Fogo de Los Angeles, disse que o explosivo era feito de uma garrafa de licor Olde English 800 de pouco mais de um litro e um lenço de designer, feito de seda.
“Eu pessoalmente sinto que foi direcionado”, disse Jimenez sobre o ataque que ocorreu em janeiro de 2012.
Estilista responde como nenhuma testemunha respondeu antes
O estilista Deonte Nash foi uma testemunha única, demonstrando personalidade e humor em poucos segundos, assim que se apresentou para depor, na quarta-feira. Questionado se queria testemunhar, Nash respondeu: “De jeito nenhum!”.
Nash explicou que conhecia Diddy como “Puff” e Cassie como “Cass”. O estilista respondeu a um anúncio da plataforma online Craigslist e começou a trabalhar como estagiário na Bad Boy Entertainment e, posteriormente, como estilista, entre 2008 e 2018.
A procuradora Maurene Comey colocou uma fotografia à frente do estilista e perguntou: “É uma fotografia glamorosa sua?”. “Sim, estou incrível”, respondeu Nash, provocando alguns risos no tribunal.
Questionado sobre que nomes ouviu Combs chamar Cassie ao longo dos anos, Nash respondeu “bebé, CC, Cassi” e enumerou uma série insultos contra mulheres, destacando um particular.
Nash revelou ainda que Cassie disse-lhe, em confidência, que nem sempre queria seguir com as exigências de Combs durante os “freak-offs”, onde fazia a namorada ter relações sexuais com outros homens.
Segunda mulher alega ter sido violada por Combs
Mia testemunhou que Diddy abusou sexualmente dela em múltiplas ocasiões: terá forçado beijos, colocado a mão debaixo do vestido numa festa de aniversário, obrigado a praticar sexo oral e violado a assistente, na casa dele em Los Angeles.
A assistente pensava que o abuso sexual era esporádico o suficiente e pensava que nunca mais voltaria a suceder. A mulher disse que se fazia de forte e continuava a trabalhar para Combs, em parte porque sentia vergonha, culpava-se a si mesma e temia o que poderia acontecer caso o reportasse às autoridades.
Mia disse ainda que viu Combs a atacar fisicamente Cassie “a todo o momento” nas casas dele, nos apartamentos dela, hotéis, eventos e durante viagens. A assistente revelou que Combs virava a sua ira para a namorada, atirando-a à piscina, despejando baldes de gelo por cima dela e arremessando-lhe uma tijela de esparguete.
À medida que o caso da acusação diminui, a defesa pode expandir-se
A acusação insistiu, toda a semana, que estão adiantados na apresentação do caso e que podiam terminar de convocar testemunhas a meio de junho. No entanto, o advogado de Combs, Marc Agnifilo, disse que a apresentação da defesa pode demorar mais do que o esperado, particularmente, depois da acusação afirmar estar a fazer “mudanças substanciais” ao plano.
O julgamento pode seguir até meio de julho.