Com a queda de Bashar al-Assad, começam a vir à luz do dia as atrocidades cometidas pelo seu regime durante a longa guerra civil iniciada em 2011.
Há muito que eram conhecidos os massacres de civis, as execuções sumárias, os desaparecimentos e a tortura de opositores, mas os relatos vindos a público nas últimas duas semanas vieram dar uma dimensão ainda maior ao horror sofrido pela população síria.
O maior testemunho dessas atrocidades são as valas comuns que estão a ser descobertas em várias regiões sírias e que, segundo um investigador de crimes de guerra, apontam para uma “máquina de morte” sem precedentes nas últimas décadas.
“Não se via nada assim desde os nazis”, garante Stephen Rapp, que participou nas investigações internacionais aos crimes de guerra no Ruanda e na Serra Leoa e que lidera actualmente a Comissão Internacional para a Justiça Internacional e a Responsabilização.
Segundo este responsável, estima-se que mais de 150 mil pessoas tenham sido executadas pelo regime de Assad desde 2011.
Investigadores sírios e internacionais acreditam que só numa vala comum na localidade de Najha, 40 quilómetros a norte de Damasco, podem estar sepultados os corpos de mais de 100 mil vítimas da tortura e repressão do regime.
“Da polícia secreta que fazia desaparecer as pessoas das suas casas aos carcereiros e interrogadores que as torturaram e mataram à fome, aos condutores dos camiões e das escavadoras que esconderam os corpos, milhares de pessoas trabalharam neste sistema de extermínio, um sistema de terror ao serviço do Estado que se tornou uma verdadeira máquina de morte”, acusa Rapp.