No dia em que se celebra o 23° aniversário da Dia da Paz e Reconciliação Nacional em Angola, esta sexta-feira, a UNITA anunciou que não vai participar nas comemorações dos 50 anos da independência, enquanto Jonas Savimbi e Holden Roberto não forem reconhecidos como pais da independência e heróis nacionais. A UNITA também lamentou a ausência destes nomes na lista das 247 personalidades a serem homenageadas esta sexta-feira.
Angola completou, esta sexta-feira, 23 anos de paz e de reconciliação. Luau, uma localidade da província do Moxico Leste, acolheu o acto central das comemorações. No âmbito dos festejos, o Presidente João Lourenço condecorou, esta manhã, 247 personalidades, com a medalha dos 50 anos da independência. Na abertura do evento, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil, Adão de Almeida, afirmou que o tributo a estas figuras é um dever de justiça histórica.
“Reconhecer os feitos dos filhos da nossa terra é, pois, um dever de justiça histórica. Esta cerimónia que se realiza na sequência da condecoração de 247 cidadãos, por sua excelência o Presidente da República, sendo 99 na classe independência e 148 na classe paz e desenvolvimento, marca o início do programa de condecorações alusivas ao quinquagésimo aniversário da Independência Nacional”, sublinhou o ministro.
No entanto, os líderes fundadores da UNITA, Jonas Savimbi, e da FNLA, Holden Roberto, estão alegadamente fora da lista dos homenageados. Nesse sentido, a UNITA anunciou que não vai participar nas comemorações do 50.º aniversário da independência de Angola, enquanto Jonas Savimbi e Holden Roberto não forem reconhecidos como pais da independência e heróis nacionais. Numa declaração alusiva ao 23.º aniversário da Dia da Paz e Reconciliação Nacional, a UNITA considera ser uma injustiça estar-se “a torpedear” a história de Angola com o “contínuo não reconhecimento” da contribuição patriótica de Holden Roberto e Jonas Savimbi ao lado de Agostinho Neto – os três signatários do Acordo de Alvor com o Governo colonial português, em 15 de Janeiro de 1975, que concorreu para a independência de Angola.
“Enquanto não tiver esclarecimento não poderei participar. A minha consciência diz-me que a reconciliação verdadeira deve ser inclusiva e não pode ser selectiva, nem exclusiva”, avisou Isaías Samakuva, actual presidente da Fundação Jonas Savimbi.
Esta noite, em Angola, está marcada uma manifestação ruidosa contra a governação de João Lourenço, mas ao som de panelas e tampas, segundo o organizador dos protestos, Nelson Dembo, conhecido por Gangsta.
“Dia 4 de Abril, vamos bater panelas e tampas. O que está a vir é uma avalanche. João Lourenço vai ter que assinar acordo com todos”, disse o activista.
O governo informou que, no quadro das comemorações do dia da independência, no dia 11 de Novembro, as homenagens a entidades de diversas áreas vão prosseguir até 31 de Dezembro.